Em 13 de outubro, comemoraremos os 109 anos de história do Instituto de Engenharia. Como parte da celebração, será entregue a outorga de Eminente Engenheira do Ano 2025 à Mariangela Hungria.
Pesquisadora da Embrapa Soja e a grande vencedora do World Food Prize 2025 (o mais prestigiado prêmio internacional na área de agricultura e segurança alimentar), Mariangela Hungria, foi escolhida pela Comissão Responsável pela outorga, a Eminente Engenheira do Ano 2025.
Outorgado desde 1963 pelo Instituto de Engenharia, o título é um reconhecimento aos profissionais de destacada atuação no meio e/ou que tenham uma carreira marcada por contínuas contribuições para a elevação e para o aprimoramento da Engenharia Nacional.
Sobre a Eminente Engenheira
Mariangela Hungria nasceu em 1958, em São Paulo, e foi criada em Itapetinga (SP). Sua busca por conhecimento, a levaram a cursar Engenharia Agronômica (Esalq/USP), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (Esalq/USP), doutorado em Ciência do Solo (UFRRJ) e pós-doutorado em três universidades: Cornell University, University of California-Davis e Universidade de Sevilla. Em 1982, tornou-se pesquisadora da Embrapa: inicialmente na Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) e, desde 1991, atua na Embrapa Soja (Londrina, PR). A cientista possui mais de 500 publicações científicas, documentos técnicos, livros e capítulos de livros. Também já orientou mais de 200 alunos de graduação e pós-graduação.
É Comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Brasileira de Ciência Agronômica e da Academia Mundial de Ciências. É professora e orientadora da pós-graduação em Microbiologia e em Biotecnologia na Universidade Estadual de Londrina. Atua também na Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e na Sociedade Brasileira de Microbiologia.
Desde 2020 Mariangela está classificada entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com o estudo da Universidade de Stanford (EUA). Em 2022, a pesquisadora ocupou a primeira posição brasileira, confirmada em 2025, em Fitotecnia e Agronomia (Plant Science and Agronomy) e em Microbiologia, em lista publicada pelo Research.com, um site que oferece dados sobre contribuições científicas em nível mundial.
Já recebeu várias premiações pela sustentabilidade em agricultura, como o Frederico Menezes, Lenovo-Academia Mundial de Ciências, da Frente Parlamentar Agropecuária, da Fundação Bunge. Em 2025, recebeu o Prêmio Mulheres e Ciência, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério das Mulheres, o British Council e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe.
Por sua relevante contribuição ao desenvolvimento de insumos biológicos para agricultura, a cientista Mariangela Hungria, é a laureada da edição de 2025 do Prêmio Mundial de Alimentação – World Food Prize (WFP) – reconhecido como “Nobel” da Agricultura. O anúncio de sua nomeação ocorreu na noite de 13 de maio de 2025, na sede da Fundação World Food Prize, criada pelo Nobel da Paz, Norman Bourlaug, pai da revolução verde. A solenidade de laureamento será realizada em 23 de outubro de 2025, em Des Moines, (EUA).
Principais contribuições – Mariangela Hungria está sendo reconhecida por sua trajetória de mais de 40 anos dedicados ao desenvolvimento de tecnologias em microbiologia do solo, o que vem permitindo aos produtores rurais a obtenção de altos rendimentos com menores custos e mitigação de impactos ambientais. A ênfase das suas pesquisas tem sido no aumento da produção e na qualidade de alimentos por meio da substituição total ou parcial de fertilizantes químicos por microrganismos portadores de propriedades como fixação biológica de nitrogênio (FBN), síntese de fitormônios e solubilização de fosfatos e rochas potássicas.
O uso da inoculação na soja com bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium), que pode ser ainda mais benéfico se associado à coinoculação com a bactéria Azospirilum brasiliense. Somente em 2024, por exemplo, esta tecnologia propiciou uma economia estimada de 25 bilhões de dólares, ao dispensar o uso de adubos nitrogenados. A pesquisadora estima esse valor considerando a área de soja, a produção de soja, o valor do fertilizante (ureia) que seria necessário para essa produção, e a eficiência de uso do fertilizante nitrogenado. Além deste benefício, Mariangela explica que essa tecnologia evitou, em 2024, a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes por ano para a atmosfera. Hoje, a inoculação da soja é adotada anualmente em aproximadamente 85% da área total cultivada de soja, hoje cerca de 40 milhões de hectares — representando a maior taxa de adoção de inoculação do mundo.
Associado aos trabalhos com soja, a pesquisadora também coordena pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) e coinoculação para a cultura do feijoeiro, Azospirillum brasiliense para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias. Ainda em relação às gramíneas, em 2021, a equipe da pesquisadora lançou uma tecnologia que permite a redução de 25% na fertilização nitrogenada de cobertura em milho por meio da inoculação com A. brasilense, gerando benefícios econômicos significativos para os agricultores e impactos ambientais positivos para o país.
A cerimônia de outorga do título de Eminente Engenheira do Ano 2025 à Mariangela Hungria, acontecerá na ocasião das comemorações dos 109 anos do Instituto de Engenharia, em outubro, em evento fechado para associados e convidados.






