Alerta: Estas considerações foram baseadas apenas nos relatos obtidos através de entrevistas concedidas à imprensa por parte de engenheiros da SABESP, uma vez que não foram ainda disponibilizadas informações oficiais de cunho técnico detalhado por parte daquela Companhia.
Vamos aos fatos: Em abril deste ano houve um acidente similar, como o ocorrido agora em maio, no mesmo local da Marginal do Tietê, próximo à ponte Atílio Fontana no sentido Castelo Branco causando o solapamento em uma das três faixas da pista central provocando a abertura de uma cratera, fato que forçou a interrupção e o desvio do tráfego naquele local causando mais transtornos àquela via já congestionada.
Na ocasião a causa alegada pela SABESP era uma fissura na estrutura de uma “caixa” situada a 18 m de profundidade, reparada em apenas 3 dias. Entretanto, menos de 30 dias depois, nova cratera se abriu naquele mesmo local provocando nova interrupção do trânsito.
Diante da situação, a SABESP decidiu por uma intervenção mais robusta visando resolver definitivamente o problema o que demandaria um prazo de 30 dias.
Instada, pelos meios de comunicação, a esclarecer porque tal intervenção não foi feita por ocasião do primeiro acidente, a SABESP alegou ter agora identificado mais detalhadamente o problema representado pela presença de águas pluviais lançadas indevidamente no interceptor causando sobrecarga na tubulação de 2.5 m de diâmetro ocasionando, em consequência, o vazamento de esgotos que, espraiando-se no subsolo, acabou por causar o solapamento da pista de rolamento abrindo uma cratera.
A intervenção planejada está sendo a construção de um novo poço de visita no local da ruptura, com 18 m de altura (“shaft ” de 18 m de largura), localizado entre os dois poços existentes, situados, respectivamente a 330 m a jusante do PV 08 e a 230 m a montante do PV 10.
A permanecer a versão da SABESP sobre o ocorrido, depreende-se que a tubulação está operando em carga devido ao excesso de vazão (esgotos + águas pluviais) e que o vazamento ocorreu através de fissuras provavelmente em alguma junta, na “caixa” ou poço de visita ou mesmo no próprio tubo.
O que é certo é que águas pluviais costumam se misturar em tubulações de esgotos e também, com muito mais frequência, esgotos são lançados em galerias de águas pluviais. Difícil impedir estas práticas, principalmente considerando a enorme extensão destas redes. Desta forma, pode-se presumir que o interceptor da margem direita do Tietê possa estar subdimensionado para as condições REAIS de contribuição uma vez que não foram ainda disponibilizadas informações oficiais de cunho técnico detalhado por parte daquela Companhia.
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José Eduardo Cavalcanti é engenheiro consultor, diretor do Departamento de Engenharia da Ambiental do Brasil, diretor da Divisão de Saneamento do Deinfra – Departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), conselheiro do Instituto de Engenharia, e membro da Comissão Editorial da Revista Engenharia. E-mail: [email protected]
*Os artigos publicados com assinatura, não traduzem necessariamente a opinião do Instituto de Engenharia. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
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