O mundo tem fome – Energia para plantar colher, embalar, transportar e distribuir alimentos?

O Mundo Tem Fome

A projeção da ONU é clara e preocupante: no ano 2050, nosso planeta abrigará cerca de 9 bilhões de pessoas. Um aumento populacional significativo que nos impõe uma questão central e inadiável: onde serão produzidos os alimentos para essa crescente população, especialmente considerando que a maior parte desse crescimento se concentrará no Sudeste Asiático?

Um Enfoque Holístico sobre Energia

Diante desse desafio global, o Instituto de Engenharia apresenta sua mais nova frente de atuação: a Divisão Técnica de Projetos de Energia. A iniciativa nasce do reconhecimento de que a produção de alimentos em larga escala, em diferentes regiões do planeta, está intrinsecamente ligada à disponibilidade e ao uso eficiente de energia.

Seja na irrigação de terras antes consideradas improdutivas – como o semiárido brasileiro, onde a produção de culturas como o melão demonstra um potencial surpreendente –, no desenvolvimento de tecnologias de conservação do fruto maduro que viabilizam o transporte a longas distâncias ou na otimização dos processos de produção e logística de transporte, a energia desempenha um papel central.

A energia está em tudo.

Chineses comem melão de Mossoró” – Algum tempo atrás essa afirmação soaria esdrúxula pois, para começo de conversa, Mossoró situa-se no semiárido nordestino, onde a agricultura em larga escala era considerada inviável. Entretanto, com a aplicação de tecnologia de irrigação por gotejamento trazida de Israel, aliada às novas tecnologias de conservação que prolongam a vida de prateleira, tornou-se possível fornecer frutas in natura para países distantes. Além do mais, a localização de Mossoró e municípios vizinhos – quase na linha do equador – permite três safras por ano, garantindo alta produtividade e frutos mais doces e mais saborosos.

Mais curioso ainda é perceber que o melão é composto por 80% de água. Assim, ao exportar melões, melancias e outras frutas produzidas no semiárido para regiões de escassez hídrica crônica, como o Oriente Médio, estamos, na verdade, exportando água – embalada na forma de fruta.

O Papel do Instituto de Engenharia

Em síntese, esse é o espírito que guiará o plano de trabalho da Divisão Técnica de Projetos de Energia: fomentar a discussão e o desenvolvimento de soluções energéticas inteligentes e sustentáveis que permitam:

  • Expandir as fronteiras da produção agrícola para regiões com potencial, otimizando o uso de recursos como água e solo por meio de tecnologias energéticas eficientes.
  • Estimular o desenvolvimento de tecnologias de conservação, aumento da vida de prateleira, embalagem e transporte a longas distâncias, reduzindo a perda de alimentos e viabilizando o acesso a mercados distantes com menor pegada de carbono.
  • Incentivar universidades e centros de pesquisas a desenvolverem soluções que otimizem o uso de energia em toda a cadeia produtiva de alimentos.
  • Promover a adoção de fontes renováveis de energia em todas as etapas – da produção primária ao consumo.
  • Analisar e propor políticas públicas que incentivem a produção alimentar sustentável, considerando as demandas energéticas e os impactos ambientais.

A Divisão Técnica de Projetos de Energia do Instituto de Engenharia convida engenheiros, cientistas, empresários, formuladores de políticas e todos os interessados na segurança alimentar global a se juntarem a nós nesta jornada essencial. Acreditamos que, por meio da integração de conhecimentos e da busca por soluções energéticas inovadoras, podemos contribuir significativamente para alimentar o mundo de amanhã.