Discurso de Eduardo Lafraia na celebração dos 104 anos do IE e entrega do título de Eminente Engenheiro do Ano

Boa noite a todos,

Gostaria de agradecer as presenças do engenheiro Vahan Agopyan, reitor da Universidade de São Paulo e Eminente Engenheiro do Ano 2004; e do pesquisador, cientista e engenheiro Carlos Nobre, nosso homenageado, e da jornalista Carla Bigatto.

Também gostaria de saudar todos os Eminentes Engenheiros dos anos anteriores, assim como os parceiros e amigos que cumprimentaram o Instituto de Engenharia pelo seu aniversário e, também, saudaram Carlos Nobre.

É uma honra estar aqui esta noite celebrando os 104 anos do Instituto de Engenharia. Assim como é uma honra para mim presidir pela quarta vez esta Casa, da qual faço parte há 43 anos. Entrei aqui jovem e conheci grandes engenheiros e aprendi muito com eles. Com o decorrer dos anos, passei a partilhar os meus conhecimentos com os que estavam chegando.

Essa é a essência do Instituto de Engenharia. O lugar onde aprendemos, discutimos, nos relacionamos com pessoas de diversas posições e compartilhamos conhecimento.  Um conhecimento que recebemos e temos a obrigação de transmitir e que dá vida a nossa missão de promover a Engenharia em benefício do desenvolvimento e da qualidade de vida da sociedade.

Aqui, mais que engenheiros somos cidadãos. Pessoas que têm como foco contribuir com a Engenharia Nacional.

Foi assim desde sua fundação, em 1916, quando Paula Souza, Francisco Pereira Macambira, João Pedro da Veiga Miranda e Rodolpho Baptista decidiram mostrar que, assim como os países da Europa, o Brasil podia fazer Engenharia, e com excelência. Podia e fez!

Meu caro magnífico reitor, como disse no aniversário da Escola Politécnica, o Instituto de Engenharia e a Poli têm vários pontos em comum: um deles foi ter como idealizador o engenheiro Antonio Francisco de Paula Souza, que fundou, em 1893, a Poli e, em 1916, foi cofundador do Instituto. Mais ainda em comum é a força que temos de acreditar e trabalhar por uma engenharia de excelência e de ter a educação como pilar do desenvolvimento do País.

Esta Casa acompanhou e participou de várias fases desse Brasil: de crescimento, de crises, de retomadas, sempre se adaptando aos novos tempos.

E neste ano não foi diferente.

Enfrentamos, como todos, o desafio de nos adaptar a este novo tempo de distanciamento físico. Aproveito esse momento para celebrar um importante resultado: a transformação digital do Instituto de Engenharia. Depois de três anos de muito trabalho e investimento, o Instituto opera hoje de forma híbrida – mesclando o presencial e o digital – o que permite a participação plena de associados de qualquer lugar do planeta.

Convido todos profissionais de engenharia e de outras áreas para se associarem a nossa casa.

Contamos com a dedicação incessante de nosso corpo técnico, diretores, parceiros, associados e empresas; empresas que acreditam nos ideais do Instituto de Engenharia e financiam nossos projetos.

Mantemos as portas abertas, por enquanto apenas no formato digital, e continuamos transmitindo conhecimento, discutindo e propondo projetos para o Brasil.

Aprimoramos nossa infraestrutura e demos sequencias às reuniões técnicas, aos trabalhos de Mentoria e aos encontros de boas-vindas dos novos associados e do grupo Mulheres na Engenharia.

Realizamos, neste ano, 167 webinars que geraram 266 horas de encontros com especialistas das mais diversas áreas.

Logo no início, produzimos a série “Brasil pós-crise”, que realizou 50 webinars discutindo temas como Educação, Logística, Agronegócio, Macroeconomia e Tecnologia, entre tantos outros assuntos.

Como insisto em lembrar, e sendo a base das minhas gestões como presidente do Instituto de Engenharia, precisamos dedicar mais tempo na discussão de um projeto de Nação, por um País que seja mais justo e proporcione igualdade de oportunidades a todos.

Elaboramos ao longo deste tempo, alguns projetos, como:

  1. A Hidrovia como vetor de Desenvolvimento e de Integração Multimodal do Brasil e da América do Sul;
  2. Petróleo e Gás: tema primordial para que o País maximize de imediato o aproveitamento das imensas riquezas do pré-sal: petróleo e gás natural;
  3. Governança Metropolitana dos Transportes onde propomos a racionalização da mobilidade dos grandes centros urbanos envolvendo as diversas prefeituras. Hoje, inclusive, realizamos o 3º Encontro Internacional de Mobilidade;
  4. Ocupação Sustentável do Território Nacional pela Ferrovia Associada ao Agronegócio;
  5. Desenvolvimento sustentável – o grande compromisso da engenharia – e tema do Eminente Engenheiro, Carlos Nobre;
  6. Brasil: Alimentos para o Mundo – como otimizar nossa produção e agregar valor aos nossos produtos agropecuários,
  7. e Diretrizes para Universalização do Saneamento no Brasil, desenvolvido neste ano e que define ações de curto, médio e longo prazo, tanto para as áreas municipais, estaduais e federal.

Todos estes projetos já foram apresentados para representantes dos poderes executivo e legislativo, tanto no âmbito nacional como regional, mas o grande objetivo é que a sociedade brasileira incorpore estes assuntos como um problema dela também, e não só do governo, pois a mudança do Brasil passa pela participação e conscientização da sociedade.

O projeto de saneamento, por exemplo, é de suma importância para o cidadão, pois é inaceitável que 48% da população não tenha redes que possibilitam o tratamento do esgoto, e cerca de 16% não tenha água sanitariamente segura.

Mudar dados como esse é um desafio para um País com 8 milhões de km2 e que tem uma população de mais de 210 milhões de pessoas.

Projetos de Nação são complexos e devem ser feitos com propostas que alavanquem o crescimento com base em nossos pontos fortes.

O Brasil é a segunda maior potência mundial na produção de alimentos, ao mesmo tempo que precisa retomar sua posição de liderança no combate às mudanças climáticas e precisa de um projeto que transforme a nossa biodiversidade em bem-estar social.

O Instituto de Engenharia quer de forma isenta conduzir e alertar a sociedade sobre este tema. Precisamos ter uma economia que desenvolva o Brasil, preservando a principal matéria-prima que temos: a floresta amazônica.

O Instituto de Engenharia vê todas essas características na iniciativa que tem sido chamada de Amazônia 4.0, liderada pelo engenheiro Carlos Nobre, cujo desafio é transformar a floresta em uma fonte de riqueza em um ambiente de inovação e empreendedorismo com foco na exploração de uma nova “bioeconomia da floresta em pé”. E isso se faz com Engenharia.

Internacionalmente conhecido e com uma carreira brilhante, ao escolhermos Carlos Nobre, como Eminente Engenheiro do Ano 2020, ratificamos nossa confiança na ciência e na pesquisa, como formas de alavancar o desenvolvimento, preservando o meio ambiente e trabalhando para que as futuras gerações –nos quatro cantos do País – vivam em uma sociedade mais justa e igualitária.

Parabéns Instituto de Engenharia pelos seus 104 anos;

Parabéns Carlos Nobre, Eminente Engenheiro do Ano 2020.

Muito obrigado