Descoberto no Brasil mineral “tecnologicamente fantástico”

Pesquisadores da USP descobriram um novo mineral cujas propriedades físicas e estruturais o habilitam para importantes aplicações tecnológicas.

O novo mineral foi encontrado em uma cavidade muito pequena de uma rocha de carbonatito, que é rica em calcita e dolomita, na mina de fosfato (carbonatito) de Jacupiranga, no município de Cajati (SP). Nesse tipo de cavidade se encontram os minerais mais raros.

O mineral, batizado de melcherita, foi descoberto pelo engenheiro de minas Luiz Alberto Dias Menezes Filho (1950-2014) e caracterizado pela equipe do professor Daniel Atencio, do Instituto de Física da USP em São Carlos (SP). O nome melcherita é uma homenagem ao falecido professor Geraldo Conrado Melcher (1924-2011).

A fórmula química do mineral é Ba2Na2Mg[Nb6O19]·6H2O.

Mineral de nióbio

“A estrutura da melcherita é muito versátil. E até pouco tempo só havíamos encontrado essa estrutura em compostos produzidos em laboratório, e não na natureza”, explicou o pesquisador Marcelo Barbosa de Andrade.

Contudo, ao contrário dos compostos sintéticos, ou seja, aqueles produzidos em laboratório, a melcherita contém nióbio (Nb), substância bastante utilizada na fabricação de aços especiais, mas também em materiais supercondutores, novas gerações de discos rígidos para computadores e até reatores de fusão nuclear.

Por ter características diferentes dos compostos sintéticos, segundo Marcelo, a “possibilidade de aplicação tecnológica desse mineral é fantástica”.

Há poucas semanas se descobriu que o nióbio se autoestrutura para formar um supercondutor. Da mesma forma, o nióbio pode originar octaedros – estruturas que contêm oito faces – que se unem formando um “super-octaedro”.

O pesquisador explica que já existem estudos envolvendo o aprisionamento de substâncias por essas estruturas formadas pelo nióbio, como vírus e compostos químicos letais, como o gás sarin.

Muitas novidades

Por se tratar de um mineral recém-descoberto, ainda serão feitas análises com foco nas propriedades físicas do mineral a fim de analisar outras possíveis aplicações da melcherita, mesmo porque esse mineral ainda não foi encontrado em nenhuma outra região do mundo, a não ser em Cajati.

“A pesquisa ainda está em desenvolvimento. E, em razão de podermos substituir os elementos que existem no mineral, alterando suas propriedades físicas, esperamos apresentar muitas novidades”, afirma Marcelo.

Devido à sua raridade, amostras da melcherita foram depositadas no Museu de Geociências da USP e no Museu Mineralógico da Universidade do Arizona, nos EUA, onde estarão acessíveis aos pesquisadores interessados em desenvolver novos estudos com o mineral recém-descoberto.

Bibliografia:

Melcherite, IMA 2015-018
Marcelo B. Andrade, Daniel Atencio, Luiz A. D. Menezes Filho
Mineralogical Magazine
Vol.: 79, 529-535

Autor: Inovação Tecnológica