A Sala de Emprego desta semana mostra a importância da matemática para todas as áreas. Algumas profissões dependem essencialmente da matemática e por isso estão entre as mais concorridas como a área de TI, engenharia e finanças.
Entretanto, os alunos já evitam a matemática na escola. A disciplina ajuda a empurrar para baixo o nosso desempenho escolar no PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. Na última avaliação, de 65 participantes, somente sete tiveram desempenho pior do que o Brasil. O exame é feito a cada três anos, com estudantes de 15 anos.
Estudantes que escolhem cursos de humanas não se empenham tanto em aprender matemática.
Para eles não é necessário. Só que não é bem assim. A especialista em desenvolvimento de carreiras Jaqueline Cristine Guedes dá como exemplo a área de meio ambiente e medicina. “O [curso] meio ambiente você precisa fazer estatísticas, análises, relatórios numéricos, análises de amostra e tudo isso envolve cálculo matemático. O medito o tempo todo tem que fazer cálculo de medicação, peso do paciente, análise de substância. Tem que entender de química”.
Bernadete Veado é formada em biologia, trabalha com pesquisas e números. Ela faz estudos genéticos para ajudar mulheres que querem ter filhos. O gráfico mostra como a chance de gravidez diminui com a idade. “Existe essa dualidade da biologia, a matemática como se fossem duas coisas antagônicas. Quem gosta de biologia não gosta de matemática, e vice-versa. Mas não tem jeito, a biologia usa a matemática em todas as áreas”.
Em um curso de design de produtos, a taxa de evasão é de 30%. Os alunos desistem da carreira, principalmente no quarto período, quando as matérias começam a exigir conhecimento em matemática. “É muito importante que essa geração, que esses jovens que estão entrando no mercado, ampliem a sua capacidade de raciocínio, de entendimento da matemática básica, de cálculo simples, para que possa aperfeiçoar continuamente”, completa a especialista.
Engenharia
A engenharia é uma carreira em expansão e que tem muito mercado no Brasil. Só que mais de 60% dos estudantes que ingressam desistem do curso, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria. Um dos motivos é a falta de base em matemática.
Estudantes de engenharia também têm dificuldades com a matemática. “Eu tive um pouco de dificuldade quando entrei no curso com cálculo. Eu não sabia que era desse jeito e acabei me surpreendendo. Quando eu entrei, quando sai do colegial, eu não esperava que teria tanta dificuldade, porque eu tinha notas boas em matemática no colegial. Eu achei que seria mais fácil e que não teria tantas coisas complexas”, conta o estudante de Engenharia de Produção Felipe Martins.
Heloisa Mendes está no terceiro ano de engenharia. Ela escolheu o curso justamente por causa da matemática. “Eu sou péssima em humanas. Diferente da maioria das pessoas. Então, realmente foi um atrativo”, conta.
Com o aumento das construções e a retomada do crescimento econômico no país todo, cresceu também a busca por engenheiros e a procura por formação profissional.
Em 2012, mais de 288 mil estudantes entraram nos cursos de engenharia, 60 mil a mais do que no ano anterior. Entretanto, ainda é alto o número de alunos que abandonam o curso. Em 2012, apenas 52.900 concluíram e em 2011 foram 44.700.
“Nós percebemos uma taxa elevada de desistência, trancamentos por vários fatores, há questão da inadequação ao curso, questão do fundamento, a base. O aluno chega e é fraco, principalmente na questão da matemática e física, que são os fundamentos da engenharia”, relata o vice-reitor de uma faculdade Marcel Mendes.
Autor: Jornal Hoje
