Escola Politécnica da USP aposta em modelo de laboratório voltado ao empreendedorismo

No período em que a Universidade de São Paulo (USP) discute priorizar o ensino da graduação – uma das bandeiras levantadas pelo novo reitor, Marco Antonio Zago -, a Escola Politécnica implementa um novo modelo de laboratório, voltado à inovação e ao empreendedorismo, com foco nos graduandos.

Hoje, o espaço é composto por três salas, que contam com impressoras 3D e equipamentos de engenharia, disponíveis para qualquer aluno. O projeto prevê a criação de uma oficina eletrônica e uma sala de aula adaptável para trabalho em equipe (mais informações na página 22), que passará a funcionar já neste mês.

“É muito importante a gente ter essa incubadora de ideias e de talentos. Pessoas diferentes que se encontram aqui conseguem trabalhar em conjunto e ter um diálogo com empresas antes mesmo de ir para o mercado”, afirma a professora da Escola Politécnica, Roseli de Deus Lopes, que coordena o projeto com Eduardo Zancul, também da Poli. “E um dos objetivos nesses cinco anos de formação de Engenharia é formar mais alunos empreendedores, mesmo que não seja para criar suas próprias empresas, mas para ter postura ativa onde trabalharem”, acrescenta Roseli.

O InovaLab@Poli foi criado em 2013, com aporte de R$ 500 mil da pró-reitoria de Graduação, pelo Programa Pró-Inovação no Ensino Prático de Graduação, e R$ 500 mil da diretoria da Escola Politécnica.

Internacionalização. Desde outubro, uma equipe das Engenharias de Produção e de Computação e de Design da USP fazem um projeto de inovação e design em parceria com a Universidade Stanford. No projeto, estudantes da universidade americana e de instituições parceiras aceitam desafios de inovação e design propostos por grandes empresas.

Além da USP, entre as universidades parceiras estão a St. Gallen, da Suíça, e a Trinity College Dublin, da Irlanda. Equipes de Stanford e dessas universidades resolvem, em conjunto, por meio de reuniões por videoconferências e duas viagens, os desafios propostos pelas empresas e elaboram um produto que seja inovador. Os alunos de Stanford são dos cursos de Engenharia Mecânica e Aeronáutica e estão no primeiro ano do programa de master. Já os brasileiros estão no último ano da graduação.

A equipe da qual a USP faz parte está desenvolvendo um projeto de acessibilidade para uma empresa do setor de transportes. Os desafios com outras universidades foram propostos por gigantes da tecnologia e do automobilismo, como Microsoft, Panasonic e Audi.

Os brasileiros selecionados trabalham no laboratório diariamente e deixaram empregos e estágios para aderir ao programa. “Larguei um estágio em uma startup que estava crescendo rápido. É raro na faculdade, ao menos no 5.º ano, largar tudo para um trabalho acadêmico, mas a oportunidade era única”, afirma Guilherme Kok, de 25 anos, aluno de Engenharia de Produção.

Além dos elogios dos professores da USP, o desempenho dos brasileiros tem conquistado também os professores americanos. “Os brasileiros estão indo muito bem, talvez melhor que nossos alunos de Stanford”, afirma Larry Leifer, docente da área de Engenharia Mecânica de Stanford e coordenador do projeto.

Autor: O Estado de S.Paulo