A melhor pista da América fica na… Argentina?

O FIA GT1 Championship desembarca nesse final de semana em nosso país hermano para sua etapa final. E me perdoem o clichê, mas será um fecho com chave de ouro. A prova é disputada no mais incrível autódromo construído nos últimos anos, dez vezes melhor que qualquer rascunho de Herman Tilke: o Circuito Potrero de los Funes, na província de San Luis.

Para começo de conversa, eis o cenário. Um vulcão inativo transformado em lago, e uma estrada que contorna todo esse lago a cerca de 800 metros de altitude. Em 1987, entusiastas argentinos organizaram improvisadamente a primeira corrida de Turismo Carretera no local. A gambiarra deu em tragédia: dois espectadores mortos e um piloto gravemente ferido.

Vinte anos depois, o governo da província de San Luis resolveu se unir a investidores para transformar a estrada em um circuito de fato, no nível dos melhores autódromos do mundo, e atrair eventos automobilísticos para o local. As reações foram dúbias: muita gente duvidou da aposta e achou que tudo terminaria em uma farra de dinheiro público e obras incompletas.

Ocorre que, num curto espaço de tempo, a pista ficou pronta. E que pista: pouco mais de seis quilômetros de um asfalto perfeito cercado por muros, com largura excelente (entre 12 e 14 metros), trechos de altíssima velocidade, curvas de todos os tipos, relevo montanhoso e vários pontos de ultrapassagem. As elogiosas comparações com santuários como Spa-Franchorchamps, Nurburgring e Mount Panorama foram inevitáveis. 

 

O custo de tudo isso? Oficialmente 56 milhões de pesos, o equivalente a 23 milhões de reais. Sabe aquela pista que a prefeitura de São Paulo improvisa ao redor do Anhembi, em plena Marginal Tietê, para a corrida da Indy? Sai por 16 milhões de reais a cada ano, e ainda ferra com o trânsito da cidade em plena segunda-feira. Não é preciso fazer muita conta para perceber que tem algo errado por aqui – ou algo certo por lá.

A estréia do complexo ocorreu em 2008, com corridas de TC2000 e FIA GT1. O autódromo está classificado pela FIA como nível B, ou seja: pode receber corridas de todo tipo, menos de Fórmula 1. Aparentemente, seriam necessárias apenas ampliações nos pits para abrigar a categoria máxima do automobilismo, mas pouca gente acredita nessa possibilidade, vide a sanha de Bernie Ecclestone pelos mercados emergentes e a polpuda grana que os governos precisam pagar à FIA para entrar no calendário.

Alguns brasileiros já correram lá: Daniel Serra pela TC2000 e Enrique Bernoldi no FIA GT1, no ano passado. Veja o que Bernoldi diz a respeito da pista que ele vai encarar nesse final de semana a bordo de um Nissan GT-R.

O traçado é bem interessante. Tem bastante retas, e isso deve ser bom, já que nosso carro é bom de motor. Além disso, é uma pista bem comprida, leva mais de dois minutos para completarmos uma volta. Há uma variedade grande de curvas, de alta e baixa velocidade, subidas e descidas.

Apesar das grades de programação dos canais de assinatura não serem muito confiáveis, o Bandsports programou uma transmissão para as 14h15 de domingo. Se der errado, não tem importância: o site do FIA GT1 promete transmitir ao vivo as corridas no sábado (classificação) e no domingo (campeonato).

Autor: Jalopnik