Secretário defende criação de novo sistema de alerta para chuvas

Novo sistema seria mais ágil, com ajuda do serviço de meteorologia.
Engenheiro sugere construção de pequenos reservatórios.

O secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, afirmou nesta segunda-feira (8) ser favorável à criação de um novo sistema de alerta para chuvas e enchentes.

O novo sistema, segundo ele, seria mais ágil, com a ajuda do serviço de meteorologia, para evitar deslizamentos como os ocorridos após o temporal de sábado (7). A chuva causou a morte de seis pessoas e deixou 3.015 pessoas desalojadas e outras 33 desabrigadas.

“Essa integração entre meteorologia e as forças de prevenção são fundamentais porque é na prevenção e na antecipação que a gente minora as causas de um grande incidente como foi esse de sábado, que foi um incidente de grandes proporções na nossa cidade”, observou o secretário.

Na semana passada, a Prefeitura do Rio iniciou uma operação de limpeza dos bueiros. Em março, os trabalhos serão concentrados em locais onde ocorreram alagamentos. O secretário também pede a colaboração dos moradores.

“O que nós fazemos é convocar a população a nos apoiar, não jogando lixo nas ruas, porque o lixo é uma das principais causas de entupimento das nossas redes de drenagem e também das próprias galerias pluviais”.

A Secretaria municipal de Obras informou que o Alerta Rio emite avisos em casos de possibilidade de deslizamentos. 

Para Adacto Ottoni, engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), a criação de pequenos reservatórios também pode ajudar a evitar as quedas d´água. O engenheiro explicou que a própria geografia do Rio com muitos rios e muitas encostas propicia as enchentes.

“Você constrói em cota inferior à rua, então, quando cai aquele pé d´água de meia hora, em vez de a água ir para o Rio, ela é desviada para essas áreas críticas”, explicou o engenheiro.

Diminuição de verbas
Em janeiro, um relatório do Tribunal de Contas do Município criticou a diminuição do orçamento da Geo-Rio, órgão da prefeitura responsável pela contenção das encostas. O investimento caiu de R$ 45 milhões, em 1996, para cerca de R$ 6 milhões, em 2009.

A Prefeitura do Rio alegou, na época, que como foram feitos grandes investimentos em anos anteriores, no ano passado os recursos foram menores. A Secretaria de Obras informou que já começaram as obras de contenção.

Avó e neta morrem em deslizamento
Dois dias depois do temporal, a Região Metropolitana do Rio ainda não voltou à rotina. Para os parentes das vítimas, esta segunda-feira (8) foi mais um dia de muita dor.

Rosângela da Silva Souza, de 48 anos, e a neta Gabriela da Silva Souza, de 3 anos, que morreram soterradas em Anchieta, no subúrbio do Rio, foram enterradas juntas. Feridos, a mãe e o irmão da menina acompanharam a cerimônia. Em Anchieta, a Defesa Civil interditou 17 casas que correm o risco de desabar.

A chuva de sábado também levou destruição para o bairro do Rio Comprido, na Zona Norte do Rio, onde 12 casas estão interditadas. Moradores tentaram salvar três pessoas, na comunidade da Torre Branca, mas apenas uma menina foi retirada com vida dos escombros de uma casa. Duas mulheres, de 33 e 27 anos, morreram.

Em Niterói, as vítimas foram mãe e filho. Os dois morreram na hora. Já em São Gonçalo, também na Região Metropolitana, a enxurrada abriu uma cratera numa das margens da Rodovia Amaral Peixoto, que ficou fechada no sentido Niterói durante 22 horas. Na tarde desta segunda, a passarela de pedestres foi liberada, mas 44 casas permanecem interditadas.

Rastro de destruição 

Em Santa Teresa, quase 48 horas depois do temporal, o rastro da destruição ainda era visível. Os bondes não podem circular em parte da Rua Almirante Alexandrino. A água desceu com muita força pelas ladeiras e paralelepípedos foram arrancados.

O coronel Sérgio Simões, subsecretário de Defesa Civil, fez um alerta para as comunidades localizadas em encostas.

“Se houver outra chuva com intensidade semelhante de sábado para domingo, que as pessoas proativamente saiam das suas residências para que a gente não tenha que viver novamente uma dor novamente com perdas de vidas”, disse o subsecretário

Autor: G1