Brasil enviará mão-de-obra para ajudar GM nos Estados Unidos

O Brasil vai enviar mão-de-obra de engenharia e design como parte do plano de reestruturação da GM (General Motors) nos Estados Unidos, afirmou nesta terça-feira o presidente da companhia no Brasil e Mercosul, Jaime Ardila. Segundo ele, as unidades brasileiras da GM devem contribuir com o envio de tecnologia para a produção de carros compactos. 

“Temos muita experiência em tecnologias de carros pequenos. É mais uma transferência de produtos em engenharia e design do que envio de dinheiro”, afirmou. Em conferência telefônica nesta terça-feira, Ardila mencionou parte das exigências feitas pelo governo dos EUA para conceder novos US$ 6,4 bilhões –de um total de quase US$ 18 bilhões– com a meta de evitar a quebra da montadora americana. 

Segundo ele, uma força-tarefa criada entre o governo e a cúpula da companhia chegaram ao consenso de que é preciso gerar mais verbas para investir em produção, acelerar o processo de reestruturação já em andamento –o que inclui o fechamento de mais fábricas e revendas e melhorias na competitividade e custos de fabricação de suas marcas– e investir pesado no desenvolvimento de tecnologias mais econômicas em questões de combustível. 

É aí que entra o apoio da filial brasileira. Ardila não confirmou quantos profissionais podem ser enviados para os EUA, mas a empresa estima que até 1.200 pessoas das áreas de design e engenharia passem para a matriz. 

O executivo afirmou que as filiais latinas estão “vendendo muito bem o que produzem”, apesar da crise, e por isso podem transferir o seu know-how com carros pequenos –que devem ocupar o lugar dos beberrões jipes que a GM produz nos EUA– e contribuir no desenvolvimento de modelos elétricos e híbridos. 

Concordata 

Ele não descartou que a companhia possa pedir concordata –repetindo o que o novo presidente mundial da empresa, Fritz Henderson, afirmou ontem–, mas defendeu que o governo dos EUA continuem apoiando a marca. 

Para Ardila, o que a empresa busca é um acordo com toda a sua cadeia de fornecedores e revendedores para quitar as dívidas. “Se não conseguimos um acordo, faremos dentro do sistema judicial. A quantidade que o governo vai ter que financiar, está dentro do plano de acordo que o governo vai fazer.” 

Ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o plano da GM era insuficiente e concedeu mais 60 dias para montadora apresentar um novo projeto de reestruturação. “Embora a GM tenha feito um esforço de boa fé para se reestruturar nos últimos meses, o plano que eles apresentaram não é, na sua forma atual, sólido o suficiente”, disse

. “Estamos interessados em dar à GM uma oportunidade para que sejam finalmente feitas as mudanças muito necessárias que permitirão à empresa ressurgir mais forte e mais competitiva.” 

Um dia após assumir o cargo no lugar de Rick Wagoner, que renunciou no domingo, Fritz Henderson defendeu que a GM deve tomar “todas as medidas necessárias”, incluindo um possível pedido de concordata. 

Como parte do acordo com a rede da GM, Ardila citou, inclusive, uma mudança na estrutura acionária da empresa. “A estrutura deve mudar porque a negociação dos credores e dos sindicatos possui uma proposta para converter parte da dívida da empresa em ações”. 

Pacote de resgate 

Durante a conferência, Ardila também elogiou o anúncio do plano de resgate feito por Obama. “O importante é que o governo está comprometido a ajudar a GM a não falir. Obama foi muito claro para mim: ele vai apoiar a restruturação da GM de qualquer jeito”, afirmou. 

O presidente da GM no Mercosul afirmou que “o governo vai ajudar com o plano de resgate, mas é melhor não falar um valor específico”. A GM apresentou em fevereiro seus planos de reestruturação ao Congresso dos EUA, como contrapartida pela ajuda de US$ 17,4 bilhões oferecida a ela e à Chrysler. Desses valores, a GM já conseguiu US$ 13,4 bilhões e poderia precisar de até US$ 16,6 bilhões adicionais. 

Para Ardila, a perspectiva é de que o mercado de veículos dos EUA se recupere até 2011. “Há condições de o mercado americano melhorar a partir de 2011. Se não melhorar, [a GM] precisaria de mais US$ 12 bilhões.”

Autor: Folha Online