Prédios “verdes” começam a ganhar certificação no País

Aos poucos, o setor da construção civil vai adaptando seus projetos de forma a agredir cada vez menos o meio ambiente. Um importante sinal de que essa consciência vem tomando corpo é o aumento de 100% em 2008, em relação o ano anterior, dos projetos registrados para obter o Leadership in Energy & Environmental Design (Leed). 

O resultado é comemorado pela ONG Green Building Council Brasil (GBC Brasil), criada para auxiliar no desenvolvimento da indústria da construção sustentável no País. No ano passado, três empreendimentos no Brasil conquistaram o Leed – em 2007, apenas um recebeu o selo – e 44 novos projetos foram registrados para conseguir a certificação; 2008 fechou com 100 projetos. Para 2009, a perspectiva da GBC Brasil é de um ano ainda melhor. A estimativa é chegar a 200 empreendimentos em processo de certificação, localizados, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. 

Outra informação positiva da ONG é que o número de profissionais Leed Ap, reconhecidos por seus conhecimentos sobre as práticas de construção sustentável e os princípios do Sistema de Certificação Leed, mais do que dobrou. 

Em 2007, eram 13 e no final de 2008 este número saltou para 36. São engenheiros e arquitetos que passam a ser consultores de construtoras sobre os requisitos necessários a uma obra sustentável. Segundo Nelson Kawakami, diretor-executivo da GBC Brasil, esse crescimento reflete a preocupação das organizações em desenvolver projetos mais sustentáveis e para isso, elas precisam de profissionais capacitados para desenvolver este trabalho. “A demanda não para de aumentar e há profissionais brasileiros que, inclusive, são recrutados por empresas de fora do País”, afirma. 

Kawakami diz que, apesar desse crescimento, o índice ainda é baixo no País, representando menos de 1% de todas as construções. “O maior obstáculo para isso é simples: a falta de informação. Muitos ainda acham que o projeto sustentável tem custo mais alto. De fato, custa um pouco a mais, mas, no máximo, 5% ou 10%. E esse dinheiro resulta em economia mais para a frente. O retorno desse tipo de empreendimento é de aproximadamente cinco anos.” 

O representante da GBC diz ainda que não é difícil obter a certificação. “É mais uma questão de vontade do que qualquer outra coisa”, afirma Kawakami. Os requisitos são divididos em cinco grandes grupos: 1) Localização com infraestrutura como comércio, escolas e hospitais; 2) Uso racional da água; 3) Economia de energia; 4) Uso de materiais reciclados e reaproveitáveis; 5) Ambiente interno saudável.
“São 69 itens. Se 26 deles forem atendidos, o projeto já tem direito ao selo Leed. De 33 a 38 itens, recebe a certificação prata; de 39 a 51 itens, certificação ouro e de 52 a 69 itens, certificação platina”, informa Kawakami. 

O Leed é um sistema de certificação promovido pelo GBC Brasil e criado pelo USGBC, dos Estados Unidos, que orienta, padroniza, mensura, classifica e certifica os green buildings (prédios verdes), visando a diminuição dos impactos negativos ao meio ambiente. Criado em março de 2007, o Leed foi reconhecido oficialmente pelos Estados Unidos em julho do mesmo ano. 

Kawakami faz questão de salientar que o GBC Brasil certifica apenas os empreendimentos e não possui qualquer tipo de certificação para os materiais, equipamentos e serviços sustentáveis usados em sua construção. “Para obter o Leed, o projeto não requer certificação de materiais para que os mesmos possam ser utilizados em empreendimentos que buscam esta certificação. Nós orientamos sobre as características que os materiais devem ter, mas a comprovação desses atributos fica por parte da empresa.”

Autor: Gazeta Mercantil