Dez aeronaves militares que quase deram certo

Ao longo dos anos, principalmente durante a Guerra Fria, os americanos desenvolveram muitas aeronaves formidáveis. Contudo, por várias razões muitas delas jamais saíram de perto dos rascunhos. Algumas simplesmente estavam muito à frente de seu tempo, enquanto outras não tiveram tempo – ou talvez não deveriam ter existido, mesmo. Outras, ainda, parecem ter sido desenhadas para um filme de ficção científica.

X-13 Vertijet 

Em 1947 a Marinha americana fechou um contrato com a Ryan Company para saber se um avião de combate poderia decolar na posição vertical. O resultado, depois que a Força Aérea assumiu o projeto em 1943, foi o X-13. No começo o objetivo era avaliar se uma aeronave baseada em um submarino seria viável, e é fácil imaginar essa beleza emergindo dos mares. Com o envolvimento da Força Aérea, o objetivo passou a ser o desenvolvimento de uma aeronave a jato VTOL (sigla em inglês para “decolagem e pouso vertical”). O X-13 era impulsionado por um turbojato Avon da Rolls-Royce e teve um relativo sucesso. Durante um teste em 1957, ele decolou em posição vertical, mudou para o voo horizontal e então pousou na vertical novamente. Foi exibido em Washington, onde cruzou o rio Potomac e pousou no Pentágono. Infelizmente a Força Aérea optou por não desenvolver o projeto, alegando falta de recursos operacionais. Dito isso, os atuais Harrier e F-35 podem traçar sua linha genealógica direto ao X-13.

HZ-1 Aerocycle 

O reconhecimento é importante no campo de batalha. Nos anos 50 o exército americano queria um helicóptero para uma pessoa, simples, que pudesse ser operado por pilotos com experiência limitada de voo e pouca instrução. O HZ-1 foi visto como uma potencial “motocicleta” do ar, e os testes iniciais mostraram-se promissores. Os pilotos podiam manobrar a máquina simplesmente inclinando-se para a direção desejada. Infelizmente, estudos mais avançados mostraram que o HZ-1 era muito difícil de ser controlado por mãos destreinadas. O projeto foi cancelado.

F2Y Sea Dart 

Somente cinco protótipos do Convair F2Y Sea Dart foram feitos, um resultado da competição de 1948 da Marinha dos EUA que tinha como objetivo desenvolver um avião supersônico de interceptação capaz de pousar e decolar na água. Embora a vida do F2Y tenha sido relativamente curta, ele detém um recorde – é o único hidroavião a viajar mais rápido que o som. Em novembro de 1954 desintegrou-se no ar durante uma demostração para a Marinha e para a mídia, matando seu piloto de testes. Foi o fim do programa, mas a Marinha já vinha perdendo o interesse há algum tempo – problemas com caças supersônicos em porta-aviões haviam sido solucionados, e coisas como o Sea Dart já não eram mais necessários.

Northrop YB-49 

Você será desculpado por pensar que a asa voadora da foto acima foi feita nos anos 80 ou 90. Na verdade, o YB-49 foi projetado e construído logo depois da Segunda Guerra Mundial. Foi abandonado em favor de um projeto muito mais convencional da Convair, o B-36.
O primeiro protótipo sofreu uma grande pane no motor e o segundo caiu em 1948, matando seu piloto, o capitão Glen Edwards. A aeronave sofreu uma falha estrutural, com as asas destacando-se da seção central do avião, colocando um fim ao programa. Ainda assim o projeto teve uma conclusão simples:em 1980 Jack Northrop, o fundador da empresa, foi levado à sede da empresa. Lá ele foi levado a uma área ultrassecreta e apresentado a um modelo dos planos da Força Aérea para o então novo B-2A. Era uma asa voadora. Na ocasião, Northrop – que havia sido ridicularizado por defender a ideia da asa voadora – teria dito:”Agora eu sei por que Deus me manteve vivo nos últimos 25 anos”.

XC-120 Packplane 

Quando foi desenvolvido em 1950, o XC-120 era algo único. Seu enorme compartimento de carga era posicionado sob sua fuselagem e pretendia agilizar o embarque de cargas – o compartimento poderia ser removido, um novo colocado em seu lugar, deixando o avião pronto para decolar em relativamente pouco tempo. Três tipos de compartimento foram propostos: um para transporte de tropas e ação de paraquedistas, um somente para cargas e outro que poderia ser lançado durante o voo com ajuda de paraquedas. O XC-120 foi testado extensamente e exibido em um sem-número de mostras aéreas na década de 50, mas foi descartado em favor de uma cargueiro mais tradicional.

F-85 Goblin 

O Goblin, apelidade de “ovo voador”, foi concebido durante a Segunda Guerra e deveria ser um avião dentro de um avião. A intenção era carregá-lo no compartimento de mísseis do enorme Convair B-36. Deveria atuar em sua defesa – um caça parasita que seria lançado em caso de necessidade, lidando com os caças inimigos enquanto o B-36 seguia a rota. Quando a missão era completada, o Goblin era guinchado por um sistema instalado sob o B-36, retornando ao seu “hangar”. Devido ao seu procedimendo de “pouso”, o F-85 nunca foi equipado com algum tipo de trem de pouso.
No final das contas era uma ideia bem legal, mas o projeto logo desandou. A razão era quase dolorosamente óbvia: a Força Aérea decidiu que o reabastecimento aéreo era uma forma muito mais segura de aumentar a autonomia dos caças.

Republic XF-103 Thunderwarrior 

O Thunderwarrior foi desenvolvido no começo da Guerra Fria como um interceptador de bombardeiros, mas nunca passou da fase de modelos em escala. O trabalho em protótipos era sempre atrasado por problemas com motores. O bico da aeronave era completamente consumido por um enorme radar que oferecia detecção de longo alcance para a época. Seus mísseis eram carregados em compartimentos na lateral da fuselagem. O projeto foi cancelado em 1957.

A-12 Avenger II 

O Avenger II ainda consegue parecer futurista. Foi parte de um programa conjunto entre McDonnel Douglas e a General Dynamics. A intenção era baseá-lo em porta-aviões para que atuasse como um bombardeiro capaz de enfrentar qualquer tempo. Foi planejado para substituir o envelhecido A-6 Intruder.
O conceito de asa voadora voltou à cena na década de 90; o Avenger tinha a forma de um triângulo isósceles com o cockpit em seu ápice. O compartimento de armas podia carregar bombas inteligentes e outros dispositivos de lançamento. Não foi surpresa que o pessoal envolvido no projeto A-12 tenha o apelidado de “dorito voador”. O projeto foi cancelado em 1991 devido ao custo elevado.

Convair XFY Pogo 

O Pogo foi um experimento em decolagem e pouso vertical conhecido como “tailsitter” (sentar sobre a cauda, em uma tradução livre). Decolou e pousou sobre sua cauda e foi feito para operar em pequenos navios de guerra. A decolagem foi fácil, mas os problemas apareceram com o pouso: o piloto precisava olhar para trás, sobre seu ombro, para julgar a distância entre o avião e o chão ao mesmo tempo em que controlava o acelerador para levar o avião à sua posição de decolagem.
Deixando problemas técnicos como este de lado, se o projeto tivesse continuado, somente os pilotos mais experientes poderiam voar com o Pogo – e colocar um desses pilotos em cada navio seria inviável. Contudo, com somente metade da velocidade dos caças a jato contemporâneos (Mach 2, na época), o projeto interrompido em 1954.

Lockheed YF-12 

Vamos encerrar a lista com um sucesso – bem… quase. O Lockheed YF-12 foi um protótipo interceptador descendente do SR-71 Blackbird. Entretanto, apesar da quebra de inúmeros recordes durante os testes (inclusive a velocidade recorde de 3.331,5 km/h e a altitude recorde de 24.463 metros, ambos em 1º de maio de 1965), o programa foi encerrado em 1968. Uma palavra diz tudo: Vietnã. Na época, a defesa continental dos EUA não era prioritária, e o projeto foi engavetado.

Autor: Jalopnik