Viaduto estaiado em São Paulo tem tecnologia de selas passíveis de manutenção

O viaduto estaiado Padre Adelino, na zona Leste de São Paulo, deve ser concluído em 60 dias e tem como principal diferencial o uso de tecnologia de selas passíveis de manutenção. Executado pela Construbase, sob a coordenação da Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras), o viaduto cruza a avenida Salim Farah Maluf e ligará os bairros Tatuapé e Anália Franco ao Belém e à Mooca, melhorando o fluxo da Radial Leste, uma das principais vias de São Paulo.

Visão geral do viaduto estaiado Padre Adelino

O viaduto terá 122 m de comprimento, 20,30 m de largura, além de dois passeios laterais de 2 m cada um. Ao todo, serão quatro faixas para veículos, sendo duas em cada sentido. Segundo Antonio Fernando C. Sampaio, engenheiro da Siurb, o método estaiado foi escolhido por possibilitar a execução da obra sem grandes modificações no fluxo da avenida Salim Farah Maluf. “Um pilar central permite a execução das lajes sem que se faça uma intervenção muito grande no movimento da avenida”, explicou. A prefeitura chegou a estudar a utilização de sistemas convencionais como vigas pré-moldadas, caixão cimbrado e balanço sucessivo, mas nenhum dos três conseguiu, ao mesmo tempo, vencer o vão pré-definido, de 61 m, e o gabarito (distância entre o solo e a superfície inferior da laje) ideal para a passagem de grandes caminhões. 


Detalhe das selas já concretadas no arco que serve como pilar central

A solução estaiada com travamento, método convencional no Brasil, também não pôde ser utilizada no viaduto. Isso porque o espaço livre para o posicionamento do mastro central na Avenida Salim Farah Maluf é bem menor do que o necessário para esse tipo de estrutura. “No viaduto Padre Adelino não era possível construir o pilar grande como normalmente é feito, que teria quatro vezes a dimensão do que foi adotado, de 43 m de altura, o que não caberia no meio da avenida” 


Estrutura será sustentada por 40 estais

Os engenheiros então optaram pela tecnologia de selas passíveis de manutenção. “O principal diferencial desse viaduto estaiado é que ele não tem travamento, o pilar é maciço, em forma de arco, e possui selas, que são peças especiais que permitem a passagem dos estais”, conta Marcelo Yassuo Sunemi, gerente de produção da Construbase. Com isso, ao invés dos estais serem travados no mastro, eles vão de ponta a ponta no viaduto. “Com as selas, os estais têm as mesmas possibilidades de manutenção dos sistemas convencionais, seja em caso de acidente ou qualquer outro tipo de acontecimento. Por isso, falamos que é passível de manutenção”, completa o engenheiro. Ao todo, 40 estais foram instalados na estrutura, sendo cada um formado por 48 cordoalhas de aço. 


Obra já está na etapa de acabamento

Outra dificuldade da obra era a esconsidade do viaduto em relação ao pilar central. A esconsidade acontece quando o eixo longitudinal do viaduto não forma um ângulo reto com o eixo longitudinal do obstáculo transposto, no caso, o mastro de 43 m de altura. “Isso influencia em muitos detalhes de projeto executivo, principalmente na geometria do viaduto. Foi preciso implantá-lo com um encaixe no viário esconso de 10° e com um apoio perpendicular à avenida”, explica o engenheiro. “Olhando para os estais, em qualquer ponto do viaduto, nunca um cabo fica simétrico ao outro, estão todos 10° torcidos. Não só os estais, como todas as lajes e todos os pontos do viaduto estão girados em 10°”, continua. 


Viaduto está 10° esconso em relação ao mastro central

A obra do viaduto estaiado Padre Adelino foi iniciada em 2007, com a preparação do local. Os engenheiros então fizeram a fundação em tubulão com ar comprimido, depois os pilares do mastro até a altura do travamento onde nascem as lajes, executaram o travamento com mais 1,5 m. Após essa etapa, foi a vez da construção do mastro, que foi concretado em 12 lances, sem contar o fechamento. “Na fase atual, estamos terminando a parte das lajes e fazendo os acabamentos do viaduto”, lembra o gerente de produção Construbase. 


Três obras do Complexo Padre Adelino: viaduto estaiado (esquerda), ampliação do viaduto Pires do Rio (centro) e novo viaduto Catiguá-Balém (direita)

A construção do viaduto estaiado faz parte da obra do Complexo Padre Adelino, que também é constituído por outras duas intervenções: a construção do Viaduto Catinguá/Balem, que ligará a região da Penha ao Belém e ao Brás, e a ampliação de duas faixas do viaduto Pires do Rio, na Radial Leste, além do seu reforço e reforma. O custo total da obra é de R$ 114 milhões e a previsão de inauguração do complexo é para dezembro de 2010.

Autor: PINIWeb