Livro Praça das Artes

Praça das Artes, livro ancorado na obra vencedora do Prêmio APCA 2012.

O livro reúne imagens da região que datam do final do século XIX, fotografias de Nelson Kon e depoimentos de profissionais envolvidos no projeto e sua leitura

“Desde a inauguração do Memorial da América Latina de Oscar Niemeyer em 1989, que São Paulo não tinha um edifício importante e com uma escala razoável acrescido ao seu patrimônio edificado. E lá se vão, portanto, mais de vinte anos”. Com essa frase e considerações sobre o papel agregador do Sesc Pompéia, obra de Lina Bo Bardi que recém completou 30 anos, Guilherme Wisnik apresenta o conjunto arquitetônico Praça das Artes em livro homônimo.

O livro foi editado por Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Luciana Dornellas – arquitetos da Brasil Arquitetura, empresa responsável pela execução do projeto, com pesquisa histórica, organização e design de Victor Nosek, fotografias de Nelson Kon e depoimentos de Nosek, do ex-Secretário Municipal da Cultura Carlos Augusto Calil, do jornalista Raul Juste Lores, do arquiteto e crítico Luis Antonio Jorge e dos autores do projeto Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcos Cartum.

“Praça das Artes” conta uma história que começou em 1892, em torno do Teatro Polytheama, um barracão de zinco, madeira e chão de terra que chegou a ser palco para estrelas como Sarah Bernhardt, e hoje abre passagem para constelações inteiras de músicos, atores e bailarinos. O livro discorre também sobre os desafios do projeto, da execução da obra contemporânea e das expectativas sobre seu papel em um centro “doente”.

“As situações às vezes se oferecem muito evidentes, às vezes não. A Praça das Artes é um projeto que nasce de uma situação muito intrincada, quase um desacerto da própria urbanização de São Paulo: é sobra do lote, o que não vingou, ou ficou obsoleto com as mudanças da vida urbana através dos anos. Neste caso a arquitetura foi se amoldando, colocando o conservatório como uma estrela, patrimônio – uma riqueza de quase cem anos atrás, branquinho e cercado de um concreto quase terra”, lembra Marcelo Ferraz. E Francisco Fanucci conclui: “Muita coisa ali foi isso mesmo, uma arquitetura intestina que vai entrando pelas entranhas e se apropria dos vazios. A Praça das Artes foi uma apropriação de um lugar como ele estava e se ofereceu, mas ao mesmo tempo foi uma provocação de novas situações urbanas, uma preparação para futuras transformações naquele espaço urbano.”

O arquiteto Marcos Cartum conta enfatiza que o projeto da Praça das Artes foi concebido não apenas para abrigar os Corpos Artísticos, as Escolas de Música e de Dança, o Museu e a administração do Teatro Municipal de São Paulo, mas mirou, a partir desse amplo e complexo programa, um objetivo muito maior: “criar um forte elemento transformador na área central da cidade – abandonada e desperdiçada desde os anos 1970.” “O conjunto cultural foi projetado com a clara compreensão de que a demanda de construção do grande anexo do Teatro, a partir de uma quadra estrategicamente localizada, era de fato a oportunidade única para mudar a história do esquecido e maltratado centro novo paulistano”, explica.

Autor: Brookstore