Cresce a procura de mulheres pelos cursos de engenharia do ITA

Apesar de ser crescente a procura das mulheres pelo vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) nos últimos cinco anos, o índice de ingresso delas ainda é pequeno na instituição que estuda as ciências e as tecnologias relacionadas com o setor aeroespacial. Por ano, no máximo oito mulheres, o que não chega a 10% do número total de candidatas, conseguem vaga no ITA, segundo Luiz Carlos Rossato, chefe da seção de vestibular da universidade.

Neste ano, do total de candidatos inscritos (9.337), pouco mais de 25% são mulheres (2.370). O índice é o maior dos últimos dez anos (o recorde anterior era do vestibular 2009, com 24,1% de mulheres inscritas), assim como o total em número absoluto de mulheres. A disputa entre os vestibulando de ambos os sexos é para 130 vagas, sendo dez destinadas aos militares. Rossato diz que, apesar do número de alunos dentro do ITA ser pequeno, o desempenho das mulheres é excelente.

No processo seletivo, a concorrência será de quase 80 candidatos por vaga para seis cursos de engenharia: aeronáutica, eletrônica, mecânica, civil, aeroespacial e de computação. As provas serão aplicadas entre terça-feira, dia 13, até sexta-feira, dia 16.

Dois anos de preparação
Para se preparar para o exame, que é considerado um dos mais difíceis do país, Sarah Pires Perez, de 22 anos, do Rio Grande do Sul, estuda há dois anos. Ela deixou a casa da família no interior do estado e se mudou para Porto Alegre para fazer um cursinho pré-vestibular específico para o ITA. Estuda das 8h às 20h no cursinho, revisa a matéria à noite em casa e aos sábados faz simulados.

“Acho que estou preparada, mas nunca se sabe. O vestibular do ITA é extremamente concorrido, com nível alto, não basta fazer a média. Muitos alunos com nota boa não conseguem vaga, há um desperdício de bons candidatos”, diz Sarah, que disputará vaga para engenharia aeronáutica pelo segundo ano consecutivo 

Sarah conta que logo que concluiu o ensino médio, em 2007, queria estudar medicina. Chegou a prestar vestibular, não passou e desistiu. Ao perceber que tinha muita aptidão com ciências exatas, decidiu tentar o vestibular do ITA. “Gosto muito de sair, mas neste ano abdiquei totalmente. Se não passar, no futuro, quero ter a certeza de que tentei muito. Procuro uma vaga no ITA pelo reconhecimento que tem, e por enquanto quero estudar como civil, não pretendo seguir carreira militar.” 

Renome nacional
Samira Chehuan, de 22 anos, de Manaus, é outra candidata que disputará vaga no ITA neste ano. A jovem cursa o segundo ano de engenharia da computação em uma universidade particular, mas busca uma vaga no ITA pelo “renome nacional e por ser uma instituição militar.” Seu pai foi tenente e ela também gostaria de seguir carreira militar.

Samira não faz cursinho, mas costuma estudar em casa. Sabe que a prova não será fácil, mas conta que costuma manter a calma, pois a ansiedade atrapalha.

Restrições e benefícios
Os cursos do ITA são integrais, têm duração de cinco anos, sendo que os dois primeiros são básicos para todos os tipos. O instituto só aceita estudantes nascidos no Brasil e com no máximo 23 anos, completos no ano da matrícula. Após serem aprovados no teste escrito, os candidatos ainda têm de se submeter a um exame médico. Os estudantes aceitos têm direito à alimentação, assistência médica e odontológica e alojamento no campus em São José dos Campos, em São Paulo (para este benefício é cobrada uma taxa de R$ 50 por mês). 

Se o aluno optar pela carreira militar, a partir do terceiro ano do curso, tem direito a um salário de cerca de R$ 4.000 por mês. Entres os estudantes que têm essa opção, apenas 30% aderem à carreira militar. Ao se formarem, os militares são designados para uma unidade da aeronáutica e têm de ficar pelo menos cinco anos à disposição.

Vestibular
As provas do ITA serão aplicadas entre esta terça (13) e sexta-feira (16) em 22 cidades brasileiras, a partir das 8h (horário de Brasília).

A recomendação é para que os estudantes cheguem uma hora antes, pelo menos no primeiro dia e não esqueçam identidade, caneta preta, lápis e borracha. O professor Rossato, da seção de vestibular, aconselha os candidatos a não levarem os celulares para a prova.

Autor: G1