Por dentro do programa lunar da União Soviética

O programa lunar soviético foi encoberto e esquecido depois de não conseguir colocar um homem na Lua. Estas fotos raras de um laboratório do Instituto de Aviação de Moscou mostra um ferro-velho de naves espaciais raramente vistas, incluindo um módulo lunar russo nunca utilizado.

Os cientistas soviéticos estavam bem à frente de seus colegas americanos na exploração da Lua antes do presidente John F. Kennedy pronunciar que os EUA iriam colocar um homem lá primeiro. Os soviéticos já tinham desembarcado a sonda Luna 2 sobre a superfície da Lua em 1959 e também colocaram um satélite em órbita em 1966.

Os soviéticos desenvolveram uma abordagem multi-estágios semelhante ao da NASA, envolvendo um módulo para a órbita da Lua e outro para desembarque. Sua versão era decididamente menos complexa e mais leve para dar conta de foguetes inferiores. Estas fotos mostram o módulo de pouso LK “Lunar Craft”, que tem uma estrutura similar a suspensores de pouso, com apenas algumas diferenças fundamentais. 

Todas as atividades realizadas por dois astronautas aqui são feitas por apenas um cosmonauta. Isso para tornar a embarcação mais leve, a LK só acomoda um cosmonauta, que durante o pouso na lua deveria espiar através de uma pequena janela na lateral da nave. Após o pouso do veículo, o corpo do módulo separa-se do trem de pouso, da mesma forma que no Módulo Lunar Apollo, mas aqui, como medida de redução de peso, o mesmo motor usado para o pouso é usado para decolar.

O Módulo de Órbita Lunar L2, projetado para transportar o LK em órbita ao redor da Lua, era igualmente simplificado. Não há nenhuma ligação interna entre as duas embarcações, portanto o cosmonauta precisava sair e “caminhar” no espaço para entrar no LK e descer à superfície.

Houveram inúmeras razões políticas, científicas e financeiras pelas quais os soviéticos não conseguiram colocar um homem na Lua antes dos EUA, incluindo aí uma agência espacial com prioridades divididas e, portanto, sem um pensamento unificado dedicado ao objetivo. Neil Armstrong andou na Lua pela primeira vez em 20 de julho de 1969, superando os russos, que ainda planejavam visitar o satélite nos anos seguintes.

Eles tinham o equipamento, mas não tinham os foguetes.

Para chegar à Lua é preciso lançar um módulo de comando e um de pouso. Ambos são objetos pesados e requerem quantidades maciças de empuxo para entrar em órbita. Os soviéticos planejavam usar o foguete N-1, mas duas tentativas fracassadas em 1971 e 1972 destruíram os módulos-modelo de pouso e controle, bem como os foguetes, e levaram o programa a ser engavetado por falta de um veículo adequado para o lançamento. 

O LK foi enviado ao espaço para várias missões de teste. Os dois primeiros voos não tripulados foram testes bem-sucedidos do veículo através de órbita simulada. O terceiro voo terminou quano o foguete N-1 se acidentou. O quarto teste, em 1971, foi um sucesso, mas anos depois a cápsula de retorno começou a voltar à Terra com uma trajetória que a colocava no espaço aéreo da Austrália. Em um relatório sobre o programa espacial soviético, a NASA explicou como convenceu os australianos de que não se tratava de um satélite nuclear:

Para acalmar o receio de uma catástrofe nuclear, os representantes do Ministério das Relações Exteriores da União Soviética admitiram que o Cosmos 434 é uma “unidade experimental de veículo lunar”.

O programa acabou por ser considerado caro e desnecessário, comparado ao sucesso da NASA naqueles tempos. Os soviéticos passaram a construir laboratórios espaciais com êxito (a primeira estação espacial foi soviética, a célebre MIR) e as partes remanescentes do programa lunar foram destruídas ou dispersaram-se, incluindo esta incrível coleção de peças escondidas no Instituto de Aviação de Moscou.

Aparentemente, o acesso a este equipamento é permitido aos alunos do Instituto de Aviação de Moscou. Um jornalista russo conseguiu fotos de dentro do laboratório onde estão guardados um veículo lunar, boa parte do equipamento de acoplamento e alguns diagramas. O jornalista não podia mostrar tudo, mas descreve o clima em torno das partes como secreto. E nem todas as outras peças são fáceis de identificar como “satélite” ou “Soyuz” ou “impressionante e soviético.” 

Autor: Jalopnik